Ser santista...



Ser santista...

 mais do que um indicativo do local de nascimento,
  É poder entrar na padaria, pedir
 duas médias e ter a tranqüilidade de que virão dois pães. 
  Ali mesmo, naquela padaria ao lado da 
  linha da máquina, que linha férrea é coisa de pernóstico.



  É pegar praia no Joinville e poder dizer, 
  naturalmente, que mora no Canal 4, 
  tamanha a identidade urbanística que temos com os canais.



  Ser santista é não precisar marcar
 encontro com amigos
  porque é mais fácil vê-lo numa caminhada na praia,
   principalmente no verão,
 quando o horário modificado
  permite aquele mar de gente   aproveitando a natureza
   sem vergonha dos prédios tortos da orla.

 
 Ser santista é poder descobrir um cinqüentão,  perguntando a ele se chegou 
 a pular  do trampolim da Ponta da Praia .     



    É lamentar a demolição da casa e
  do jardim da Lydia Frederici, 
   e pelo menos saber que a Pinacoteca,
  ali pertinho, hoje está  uma beleza, apesar do medo que tivemos 
   quando virou um esquecido casarão abandonado.


   Ser santista é ter saudade do Reciclagem,
 e das boas noites de jazz no Bar da Praia.

  Todo santista que se preze tem foto no Orquidário,
   no leão em frente ao antigo Clube XV
    e, se procurar - bem - no baú, vai
  encontrar uma foto desbotada e, possivelmente,
   ridícula num enorme cisne à beira-mar.

   Ah, a praia... é um capítulo à parte.
   Sentimos um prazer indescritível ao caminhar
 pelo jardim, sem saber se
  contemplamos a exuberância  do verde
com  aquele cheiro gostoso da grama
  recém cortada, ou o azul do mar ao fundo.

 Ou, mais ao fundo, a
Fortaleza da Barra Grande defendendo
  a entrada do estuário, tão ao gosto dos artistas
  anônimos que expõem seus quadros
 em frente ao Aquário.

  Ser santista é comer um churro
em frente aos clubes, e esperar a saída de navios.
  De tanto ver navios de passageiros,
 para os quais sempre acenamos,
  mesmo não conhecendo ninguém (o santista é muito simpático), sentimos um
  atavismo quase instintivo de um dia fazer um cruzeiro, por mais breve que seja.

  Dali, sentindo forte o cheiro do mar,
 vemos o sol se esconder atrás da
  Fortaleza de Itaipú, prateando todo o mar da baía,
 lembrando a época dos
  passeios com a ''Loirinha''.

 Santista que se preze tem um  refúgio na
 montanha, para que, em janeiro, se possa emprestar a cidade aos turistas.
  (não somos egoístas) e fugir do calor melado.
 Não por acaso temos, como
  uma de nossas filiais, Santos do Jordão.

  E cuidado na estrada: santista
 não gosta quando mexem nas mãos
 da Anchieta/Imigrantes, porque o critério é
  sempre penalizá-lo. Paciência, às vezes abusam
 dessa história da gente viver na terra
 da caridade e da fraternidade

 O santista legítimo jura de pé junto que existe,
 sim um jacaré na Lagoa da Saudade,
 e sente falta das quermesses tranqüilas
 do Morro da Nova Cintra.
 Pela escadaria de outro morro, o Monte Serrat,
 muitos já pagaram promessas.
 Ele sabe que D. Dorotéia não foi uma simples senhora que furou aquela onda,
 e lembra perfeitamente quem foi o Zé Macaco .
 Além  disso,  tem  na família pelo
 menos uma tia velha que acordou assustada naquela
 longínqua madrugada quando explodiu o gasômetro.

   O santista está radiante com a reinauguração
 do Coliseu, e gosta de tomar café na Bolsa de Café,
 porque sabe seu valor. Ali, respira-se a pompa e  a
  riqueza que o café nos legou - um orgulho que não se transmudou em arrogância
  (lembrou de algum vizinho?),
 mas um orgulho sereno,
  profundo e respeitoso de quem se sente  bem
  em poder continuar, de alguma forma,
 o trabalho dos nossos antepassados.

Seguramente, não foi por nada disso
 que meu avô, lá pelas bandas de 1890,
   fez desse porto de escala seu destino final.
Foi pela certeza cega e inexplicável -
 que temos até hoje-de que ,como diz a canção,
o melhor lugar do mundo é aqui. E agora.
 
  Esse texto, que está rolando pela internet, foi escrito por  Mário Roberto Negreiros  Veloso,
   que é juiz de Direito em Santos e escritor. 
 


  Eu acrescentaria os seguintes comentários:
  Ser Santista também é ter tomado muitos,
 mas muitos mesmo,
   "chopps"  no Heinz e adjacências!
    É ter frequentado o  Colégio Canadá ou Colégio Santista.  Ou pelo menos ter algum amigo ou
   alguém da família que lá estudou!
   É ter dançado no Juá, aliás o melhor
 lugar para dançar agarradinho que já existiu!



  É ter frequentado Sírio, Inter, Humanitária, Heavy Metal e
 tantos outros lugares porretas
  para sair atrás da mulherada e ouvir um rock'n'rol!
E, por último:

 é amar esta cidade loucamente até o fim da vida!

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