Ser santista...
16 de maio de 2010
Ser santista...
mais do que um indicativo do local de nascimento,
É poder entrar na padaria, pedir
duas médias e ter a tranqüilidade de que virão dois pães.
Ali mesmo, naquela padaria ao lado da
linha da máquina, que linha férrea é coisa de pernóstico.
É pegar praia no Joinville e poder dizer,
naturalmente, que mora no Canal 4,
tamanha a identidade urbanística que temos com os canais.
Ser santista é não precisar marcar
encontro com amigos
porque é mais fácil vê-lo numa caminhada na praia,
principalmente no verão,
quando o horário modificado
permite aquele mar de gente aproveitando a natureza
sem vergonha dos prédios tortos da orla.
Ser santista é poder descobrir um cinqüentão, perguntando a ele se chegou
a pular do trampolim da Ponta da Praia .
É lamentar a demolição da casa e
do jardim da Lydia Frederici,
e pelo menos saber que a Pinacoteca,
ali pertinho, hoje está uma beleza, apesar do medo que tivemos
quando virou um esquecido casarão abandonado.
Ser santista é ter saudade do Reciclagem,
e das boas noites de jazz no Bar da Praia.
Todo santista que se preze tem foto no Orquidário,
no leão em frente ao antigo Clube XV
e, se procurar - bem - no baú, vai
encontrar uma foto desbotada e, possivelmente,
ridícula num enorme cisne à beira-mar.
Ah, a praia... é um capítulo à parte.
Sentimos um prazer indescritível ao caminhar
pelo jardim, sem saber se
contemplamos a exuberância do verde
com aquele cheiro gostoso da grama
recém cortada, ou o azul do mar ao fundo.
Ou, mais ao fundo, a
Fortaleza da Barra Grande defendendo
a entrada do estuário, tão ao gosto dos artistas
anônimos que expõem seus quadros
em frente ao Aquário.
Ser santista é comer um churro
em frente aos clubes, e esperar a saída de navios.
De tanto ver navios de passageiros,
para os quais sempre acenamos,
mesmo não conhecendo ninguém (o santista é muito simpático), sentimos um
atavismo quase instintivo de um dia fazer um cruzeiro, por mais breve que seja.
Dali, sentindo forte o cheiro do mar,
vemos o sol se esconder atrás da
Fortaleza de Itaipú, prateando todo o mar da baía,
lembrando a época dos
passeios com a ''Loirinha''.
Santista que se preze tem um refúgio na
montanha, para que, em janeiro, se possa emprestar a cidade aos turistas.
(não somos egoístas) e fugir do calor melado.
Não por acaso temos, como
uma de nossas filiais, Santos do Jordão.
E cuidado na estrada: santista
não gosta quando mexem nas mãos
da Anchieta/Imigrantes, porque o critério é
sempre penalizá-lo. Paciência, às vezes abusam
dessa história da gente viver na terra
da caridade e da fraternidade
O santista legítimo jura de pé junto que existe,
sim um jacaré na Lagoa da Saudade,
e sente falta das quermesses tranqüilas
do Morro da Nova Cintra.
Pela escadaria de outro morro, o Monte Serrat,
muitos já pagaram promessas.
Ele sabe que D. Dorotéia não foi uma simples senhora que furou aquela onda,
e lembra perfeitamente quem foi o Zé Macaco .
Além disso, tem na família pelo
menos uma tia velha que acordou assustada naquela
longínqua madrugada quando explodiu o gasômetro.
O santista está radiante com a reinauguração
do Coliseu, e gosta de tomar café na Bolsa de Café,
porque sabe seu valor. Ali, respira-se a pompa e a
riqueza que o café nos legou - um orgulho que não se transmudou em arrogância
(lembrou de algum vizinho?),
mas um orgulho sereno,
profundo e respeitoso de quem se sente bem
em poder continuar, de alguma forma,
o trabalho dos nossos antepassados.
Seguramente, não foi por nada disso
que meu avô, lá pelas bandas de 1890,
fez desse porto de escala seu destino final.
Foi pela certeza cega e inexplicável -
que temos até hoje-de que ,como diz a canção,
o melhor lugar do mundo é aqui. E agora.
Esse texto, que está rolando pela internet, foi escrito por Mário Roberto Negreiros Veloso,
que é juiz de Direito em Santos e escritor.
Eu acrescentaria os seguintes comentários:
Ser Santista também é ter tomado muitos,
mas muitos mesmo,
"chopps" no Heinz e adjacências!
É ter frequentado o Colégio Canadá ou Colégio Santista. Ou pelo menos ter algum amigo ou
alguém da família que lá estudou!
É ter dançado no Juá, aliás o melhor
lugar para dançar agarradinho que já existiu!
É ter frequentado Sírio, Inter, Humanitária, Heavy Metal e
tantos outros lugares porretas
para sair atrás da mulherada e ouvir um rock'n'rol!
E, por último:
é amar esta cidade loucamente até o fim da vida!
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